quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Concepções antropológicas


O mundo é um moinho. Roda de tanta diversidade e adversidade que nos coloca moídos uns perante aos outros. E o outro, de imediato ou não, é sempre inferno. A nossa percepção é a arma mais poderosa para a apreensão destes complexos significados que tenta, ainda que de modo vão, perfilar a tal humanidade. Seria ela o coletivo de humano? Seria as reuniões de saberes desfiadas pela Academia? Seria se exercer a favor ou contra a coexistência? Estranhar é natural até quando na caminhada da convivência? As teorias que empreendemos melhoram o nosso olhar e minimizam a nossa arrogância em relação ao mal necessário da tolerância? Como posso ser eu preciso em minha descrição do outro? Como eu me descrevo densamente para mim mesmo? Eu posso ser meu sujeito de pesquisa? O que faço, ou como ajudo, aqueles que estudo, analiso e etnografo?
"Meu caminho é cada manhã", à noite eu sou minha própria criação ressignificando montanhas de dores, juntando os moídos que fizeram de mim, me reprojetando para o exercício da vida. Não há escapatória, só serei, se sendo, o outro seja também; minha alteridade, a riqueza de mim, só se revela na outridade que me faz repensar minhas escolhas e é a partir destes confrontos que eu me posso definir.
Quero amainar meus preconceitos e ser-me melhor; escrever para somar possibilidades de vida coletiva com menos dissabor, menos violência, menos conhecimentos barulhentos. Nesse entrelace de todos, para minha melhor respiração: quero o canto da minha casa, quase um isolamento, e refletir. Guiar-me na poesia da antropologia e fazer antropologia poética. Ajudar o humano a ler as suas humanidades.
Vago como passarinho lendo Geertz e o se ser autor... Vago olhando sensivelmente as asperezas que me cercam...Vago identificando-me no outro e eu clariceano, doendo em vazias concepções que são meu espelho, meu melhor recheio, minha grande inspiração. Sacerdócio.
Meu desaguar é espiritualmente antropológico.

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