quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Parábola da imundície ou perfil para a infame

A cara dela

Da língua que lambe o clitóris e do dedo que se afunda no reto, o desenrolar do mundo dela numa cena de fedor e inação.
Do destempero controlado à tarja - preta, marcas da ineficiência que brilha porque amiga do rei.
Do discurso pútrido e da cara azeda infeliz: o poder do bicho desalojando e repetindo o valor da usurpação.
Cara pálida refletindo depressão. Alma fétida – lamaçal da discórdia na via esquerda da hipocrisia. Lugar tudo igual. Melhoras à direita.
Do que não pode ser segredo e, profícua jogatina, emperra o presente e extingue idéias ao futuro.
Torpe língua manchando a fonte, secando menstruação. Língua à beira e à espreita pronta a espezinhar.
Cheiro de folha coça coca cocar: inimiga do índio, o humano sem chefes. Da natureza índio o antídoto contra assédios e servilidades.
Do remédio como vício e companhia contra a absoluta solidão, sua cara escancarada em mentiras. A tira do pano no corpo da língua, esta agora, no sobejo e migalhas do que restam aos benditos, eternos caudilhos.
Títulos por coincidência; o poder pelo acaso da língua que goza rasgando e punindo; exilando e reprimindo – alma mutante da danação; o câncer mais cruel na calada da garganta: na dela!
Das fitas descerradas à obra inaugural da imundície. Febre da preleção, do conchavo, da falta de leitura, da perversão, da perversidade; das trilhas longínquas da inoperância, do decréscimo, da sistematização do caos.
A língua, agora, por debaixo da mesa, sedenta faminta vulgar entre os dedos sujos dos pés... O peso finito da existência nas cópias vadias de Simone de Beauvoir. O lixo latino que atrai a língua ávida por sobras, tal como o mandante chulo.
Língua feito pedra no caminho sem boca pra beijar.
Língua tesoura nas asas do passarinho, tipo sapato sapatinho, feiúra sem par.
Língua que há de passar e se afogar nos mênstruos frutos dos abortos ocasionados pela sua inserção.
Desta crepuscular narração, sem mais. Política.


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