segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pixinguinha



Só bastava ouvir Rosa e pronto: a vida recomeçava a me projetar para os caminhos da excelência. Eu sentiria a amplidão do saber fazer, comunicar emoção, aludir o mais íntimo, dominar matemáticas, filosofar... Mas tudo foi muito mais que uma só canção. E me sinto sem poder alcançar. Choro de alegria, leio poesia, vejo o mar. Recorro ao meu controlo de qualidade, Maria Bethânia, para ter mais paz e menos vergonha. Olho-me na lindeza dele. O gênio do povo estancando especulações e essa negra negra negra presença. Tomo-me em Caetano para ter a Bahia como lugar. Estesias lunares e este silêncio berrando sobre mim. Para de falar e visite a obra dele, outro me diz... Sigo chorinho, no Rio, de novo, frente ao mar. O verdadeiro mestre nunca morre. Sucumbo sem poder de tradução e me asseguro do que o ouvido me revela sem explicação. Só sinto. Meu mundo também caiu. Mas eu rio e me desfaço sem sofreguidão. Quero só dar amor à memória do mestre. Os dias têm fim. Falta tinta na caneta. A eletrola enguiçou e o mundo é um perverso moinho. Já sei sofrer. Sou diplomado. Amor ao mestre no meu domingo no parque. Sotaque do meu coração. Inspiração cordata. Vaga. Intensidade. São Jorge não falha.

Nenhum comentário: