segunda-feira, 30 de abril de 2012

Tenho Calma



Tenho calma: o sol reapareceu, para mim, nesta manhã de segunda-feira e sem segredos. Tomou-me de frente numa fazedura  de felicidade. Tomou-me na coloratura do canto de  Fábio Cascadura e  meio jazz meio rock convidou-me a  levantar, a sorrir para vida, a sair de casa e a produzir em minhas caminhadas algumas peças poéticas.

Tenho calma nessa evolução de mim mesmo deixando outros eus para trás. E faço milagres quando esmago não e canto índio para outro sentido do humano que me quero. Vivo essa energia solar a comandar o desejo de algo fazer. Sol pela estrada ao destino maior do mar que sou eu. Flutuo bem acima da igreja vista da minha janela. Toco na mão de Nossa Senhora e emplaco, em instantes de anjo, meu lugar na eternidade.

Tenho calma porque compreendi. Desacato ofensas, mas entendo a dor que corrompe a alegria que me define. Na rua, tropical e pobre, linda porque negra, entre o azul do céu e o verde-azul do mar, cinzas do eterno carnaval, nesta calçada esburacada como  meu peito mergulhado no que passou, compro flores amarelas para alguém que não as receberá. Vivo nesta imprecisão: a cidade, a saudade, o quase.

Mas tenho calma.

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