Ela traz a sua força artística no desenho musical que advém
do canto precioso e nítido, esmerada pronúncia, timbre suave e feminino,
repertório impecável, sutilezas cênicas de quem finge que não sabe que é uma
rainha. Uma simplicidade que comove porque atesta ainda mais a sua grandeza.
Cuidados estéticos com o figurino e a beleza natural que carrega em si na sua
condição de mulher.
Dia 21 de abril, às 20:30h, outra vez no palco sagrado do
Teatro Castro Alves, em Salvador da Bahia, a cantora Jussara Silveira lançou
para os baianos o repertório do seu mais recente ( e excelente) CD Ame ou se Mande e dominou a plateia da
Casa que a viu nascer para se marcar como uma das mais importantes cantoras
brasileiras e encher nosso peito de musicalidade e orgulho.
Escandalosamente: pura emoção. Como está cantando Jussara
Silveira?! Como se anuncia e se orquestra o talento e a dignidade da dama dos
teatros e das eletrolas mais exigentes deste país?!
É de fazer chorar o novo show. Costuras exatas na fala e no
canto exprimindo poesia e realces da cultura amorosa entre os humanos. Querer
envelhecer, fazer contato imediato, amar uma filha de Oxum, morar em Marte, não
sair da Bahia, dançar um Semba, tocar piano misturado à percussão. O vestido de
sereia no prata da deusa Iemanjá, no chumbo de Oxalá, para a voz da filha de
Odé.
Só um lamento: o texto desnecessário falado pelo grande
percussionista Marcelo Costa numa forçada e imprecisa leitura sobre integração
racial.
Para muito mais: ouvir Jussara Silveira é se permitir à
raridade de uma cantora imprescindível para os ouvidos de quem não vive sem
Música Popular Brasileira.
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