segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sem chances

"Eu agora sei, eu sou só
Eu e minha liberdade que não sei usar
Mas, eu assumo a minha solidão
Sou só, e tenho que viver uma certa glória íntima e silenciosa..."
Clarice Lispector


Sob centelhas da imaginação e alongando o pensamento que me leva para fora de mim. Vivo deste vazio. Mas resoluto. A beleza se forma por onde me ponho a imaginá-la: diante da alma incauta perambulando os jardins do inacessível. Palavra virtual para esta alma virtual traduzindo-se em impossível. E eis a minha solidão. Rabisco no espaço que pode chegar ao mundo; não chega pois que brilha para fora do desejo que me construiu...Vivo quase e assim. Vivo uma glória silenciosa que partilha o insucesso que não há.

Eis-me nesse trânsito. No cansaço do leitor lacônico e na leveza repetida do escritor excessivo. Moinho. Dente careado. Medo de tudo. Água sabotada. Gase. Sombra. Imensidão. Rasgo das palavras erguidas para chamar o amor. O tempo secou meu tempero e me abro para o infinito sem chances.

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