Recorro à alegria. Por ver nascendo e se lançando a poesia de um jovem pássaro. Por ver entrelinhas do que mais se diz em mim; ver aflorar a excelência da íntegra sensibilidade de um homem, humanamente universal. Sinto em intensidade e gozo, desconforto e luminosidade, grito e profundo silêncio, instantes descritos em palavras que me rejuvenescem.
Recorro à fantasia. E pairo sobre mim mesmo fruindo meus sonhos que se encontram na escrita de alguém. Alguém para fora de mim me sendo eu na confusão que busquei. Sinto e subo a ladeira dos esquecimentos tendo aquela poesia como minha alma, tatuada em meu coração, cobrindo a carne do meu corpo, me servindo como pele.
Recorro à sedução. Comovo-me com as imagens desenhadas e imaginadas na forma daqueles dizeres. Vejo-me no espelho descrito que são os olhos dele e peço indo ao fundo do que leio. Digo-lhe na imagem pé de ouvido: cessa não. Encurta essa distância dando-me o sentido de tê-lo nos textos que são seus.
Recorro à separação. Para que o nunca o aparte de mim. Para que as intempéries da impossibilidade não desgastem nossa adoração. Para que o comando estabelecido seja menor que o impacto da sua escritura banhando-me de mim sob o norte do talento dele. Para que o tempo, enquanto houver escritos, não sentencie o fim da vida que tenho só quando dentro da literatura dele.
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