segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sempre o cinema

Mahmud Shalaby

De fato, de algum modo, sempre fomos da dimensão planetária, universais, interligados. Sempre aprendo assistindo filmes,  e, quanto mais comovido fico, mais sentido levo à minha intelecção. Uma garrafa no mar de Gaza traz a possibilidade do encontro nos vestígios da esperança e do sonho ainda que individualmente, ou melhor, duplamente. Um filme, de produção francesa, ambientado entre entre Gaza e Jerusalem, perfilando os notórios conflitos que infernizam o estar humano naquele lugar. Alimenta no espectador, numa leitura real da possibilidade, a ideia do amor.  Cabe o sonho no cotidiano da gente, e isso é mais que salutar. Neste cotidiano pode poesia também. E até o discurso de beleza póde pousar no trivial - onde existe tanta beleza quanto no desigual. O filme convida e os olhos choram e riem à luz da vontade de torcer pela vida vendo os sonhos acontecerem. La mer e a falta da paz. Olhos cor de Chico. E a mensagem entre uma garrafa nas ondas marítimas e as ondas digitais da net. O amor como pano de fundo da história terrível da guerra e dos desencontros humanos traduzindo o insucesso dessa nossa reunião às claras e ao mistério.

Querer falar algumas línguas sem querer poder. Alcançar para fora do agora que dói o direito de ser ou se sentir feliz. Ser deste planeta. Comunicar-se. Transmutar-se como película tocando a emoção da gente. Ver por tudo. La mer no segredo feminino do mar: ser mulher. Isso de mergulhar pelos olhos o que nos entrega a vida. Isso de ter o mundo pelo tato e pela vontade. Isso de reinventar-se do corpo para alma. Isso de ser mais que a língua materna e deslizar-se entre possibilidades que impregnam o nosso cotidiano. O de todos. Sem excessão.

Meu instante melhora sempre entre o  mar e o cinema.

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