É uma felicidade imensa um livro novo de um poeta. Ainda mais quando o poeta é nada mais nada menos que Ferreira Gullar. A poesia de Gullar está entre a leveza de Vinicius de Moraes e o rigor estilístico de João Cabral de Mello Neto; e são textos proponentes que nos fazem ver em escritos e partir do "eu" e convida a participar ativamente da vida em coletivo. Político, sim, mas mais que tudo, hoje, o mais importante literato dos poemas deste nosso País. Neste seu novo Em alguma parte alguma ele se dá sentido numa semi perplexidade diante da finitude, e poetiza para marcar nossa imaginação que lê entre medo e desejo, sente sede, combina e não esquece. Poemas simples dos quais ninguém se ausenta.
Ilustram-se assim:
por aqui
não custará nada imaginar
que estou sorrindo ainda
naquela nesga
azul celeste
pouco antes de dissipar-me
para sempre
***
O que se foi se foi.
Se algo ainda perdura
é só a marga marca
na paisagem escura.
Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real,
Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.
Então por que me faz
o coração bater tão forte?
P.S.: um sábado de poesia pra mim: este livro dança sobre meu corpo e diverte minha mente.
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