sábado, 16 de abril de 2011

Da paixão


Porque não estava escrito em lugar nenhum, ninguém acreditava e nem ao menos supunham; era a zebra dos domingos na TV, era o aceno do mendigo debaixo da janela pedindo pão, era a mulher sem útero querendo engravidar, era o corpo morto tentando respirar mas... Ali existia. Do jeito que se queria - existia. Vidas entremeando desejo receio paciência em nome do mistério que trazia amor. A violência era o tempero do tempo desacelerando. O encontro cheirava a rosas amarelas e tinha tonalidades de cinza na espacialidade discreta que abrigou dois corpos vertendo líquidos e excertos literários, poemas de Hilst Rimbaud Pessoa.
Eram dois olhos se comunicando. O resto era volúpia. A boca recepcionando a vida que em outros dias custou demorou acontecer.
E um, abraçando as costas do outro, falava, ao ouvido, letras de canções indecentes para piorar a inexistência de pudor entre os dois... O mundo fervia e produzia cenas que alimentam a ideia do melhor viver: gozo.
Nunca antes escrito ou dito entre humanos.

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