terça-feira, 12 de abril de 2011

Mãe


Ainda que me pergunte da falta que me faz, e que elimine culpas, e me acerte com a dor, anteveja o tempo na duração de 16 anos, perfaça o caminho dos fortes, supere as mentiras com a verdade, segure a mão do amor; ainda que tenha muita leitura e que saiba desbravar o mundo à procura dos meus sonhos; ainda que escreva - nunca saberei traduzir o vazio impresso na falta da minha mãe. Nunca flanarei por sobre o desleixo de perdê-la, nunca saberei realmente o que sou eu sem tê-la...
Envolto nas sombras das minhas palavras; mergulhado no sonho etéreo da eternidade; aguçado pela esperança da delícia sangria fome satisfação do reencontro. Mãe. Sem tamanho nem composição bastante. Eu - o que não sabe superar. Escrevo neste abril sempre com medo; este abril que fecha... que venta clandestinamente, acorda os fantasmas na memória das minhas perdas. Abril que a deglutiu e deixou de ser um mês para mim. Não gosto das rosas de abril. Meu perfume, nele, é sempre o mais leve... me torno assexuado, mais medroso, cansado e as pessoas não me notam.
A falta é uma discórdia profunda entre a boca e o estômago e concorda com a lentidão dos anos para quem vive de saudade sem compreendê-la.
A falta combina com a alma e retrata às avessas o sentido que o amor dá.
Mãe é assim: o sentido mais fecundo na possibilidade do amor humano.

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