domingo, 17 de abril de 2011

João Jardim


Ele sempre me consome. Abre-me janelas que dão pro corpo, me ensina a ver o mundo e se incrusta na minha alma. Além das didáticas: o dia pode nascer feliz com uma menina poetando no sertão pernambucano e eu sonhando em voltar a fazer educação.
Ele me consome com sua simplicidade que capta a ininteligibilidade do mundo, faz uma espécie de filosofia pra gente, quase compõe canções. Consome quando olho para ele através dos filmes dele que me dão encanto. Consome do centro da sua imagem aos arredores do humano, na coisa Essa cara, do Caetano, meu poema exposto Antonio Cícero, o conflito das naturezas no mais que tudo: a beleza nascendo dos olhos do cineasta.
Ele é todo ali. Aparentemente tranquilo, numa quase devassa, querendo descobrir ou melhorar o mundo; numa denúncia poética da emoção nos fazendo enxergar sem olhos... Nos fazendo sentir na difusa realização da sua arte. Nele - uma aparente assepsia reinstaura-nos na frugalidade que salvaguarda a poesia no mundo. Simples como falar de amor. Simples como buscar amor. Às vezes, doído como não encontrar amor.
Ele, o cara. Uma das caras mais lindas, por trás das câmeras, do cinema mundial.

Nenhum comentário: