terça-feira, 26 de abril de 2011

Incongruências



Em dia de rabiscos e mitos desenhados em fotografias. Dia de plurais. O disco Tua - Maria na canção - me devolvendo esperança. Olho para trás Ana Cristina César que já esteve à frente. O mundo é um moinho. Hilst sorvetando meus instantes em nascentes da infância, curando feridas e eu querendo o impossível carinho... Esse dia numa canção de Renato Russo. Além de todos os outros, o medo da morte. Por que ? A vida assusta mais. E é preciso viver. Billie chega para definir o tom do que me leva a escrever. Vejo os ensinamentos realistas de Herta Müller - a pobreza é universal. Sentado em meu próprio cansaço que só enxerga distância. Nada de alvorecer. Um rosto de sintaxe transcendental: lindo de tanta tristeza. Ana C. Me apego ao vulto do modelo que não sei. Escrevo incongruência. É sombra e entrelinhas. Clarice sentencia o que deveria mas não sei. Rabisco um corpo masculino, um sorriso feminino, e um carro na contramão. O mundo adulto é um saco e eu só sobrevivo por fantasia. Brincadeirinha na rota do ser. Filosofia praiana num balneário qualquer. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Eu lhe diria poesias sem muito a fazer. O tempo parou. A noite virou dia. E é preciso viver. Bate outra vez com esperanças o meu coração. Há muito não há verão e nada tem sabido começar. Ouço meus atrevimentos. E bebo-me ao som hipócrita do mundo. Vejo florestas que foram exterminadas. E crianças libertadas das drogas, do abandono, da fome. Não tenho esperança.

Rabisco "O mundo precisa de poesia" e destempero a arrogância dos inertes. Rabisco o colorido da voz de Luiz Melodia e sonho com antigos carnavais. A coruja virou peixe. E ela dança. Caio Fernando canta os escritos de Virginia Woolf. Os clássicos já não são. Os brutos não perdoam.

Revejo A teus pés a foto dela na escrita dele. Caminho no barulho violento da minha cidade. Quero silêncio. Abaixo o tormento. Não sei trabalhar. O que seria ontem me espreita amanhã. Hoje é vazio e rabiscos que batem e rebatem o meu coração.

Eu peço silêncio e deixem Maria Bethânia criar.