A sacerdotisa Zulmira de Santana França, 78 anos, sendo 61 anos de sacerdócio frente ao Terreiro Tumbenci, de Lauro de Freitas, recebe, nesta quarta-feira, dia 08 de agosto, em sessão solene, às 19 horas, a Medalha Zumbi dos Palmares, outorgada pela Câmara dos Vereadores de Salvador. A honraria a esta grande mameto de inquice repousa pelos inestimáveis serviços prestados ao candomblé a favor da preservação da cultura e da religião trazida pelos negros africanos ao território brasileiro.
Mãe Zulmira foi consagrada ao inquice Zumbá, como é conhecida entre os congo-angolas a orixá Nanã, em 1941, aos 7 anos de idade, pela saudosa Marieta Beuí, filha de Matamba; teve como mãe pequena a lendária Gaiaku Luiza de Cachoeira, e recebeu fundamentos litúrgicos de três nações: o congo-angola, o ketu e o jeje-mahi.
A sua trajetória espelha a força, a determinação e a luta das mulheres negras na Bahia, marcando–se historicamente na condução dos sentidos religiosos que mantiveram ( e ainda mantêm) os elementos constitutivos que garantiram o candomblé como uma das instituições religiosas nossas mais representativas do ponto de vista da legitimidade popular.
Com a outorga da Medalha Zumbi dos Palmares a mais uma sacerdotisa do candomblé, a cidade do Salvador reconhece o papel social destas mulheres especiais que através da sua história deram esteio e abrigo social ao povo negro e pobre que tinha no Terreiro um lugar de refúgio e socialização.
Mãe Zu, como é conhecida carinhosamente, é um emblema da resistência e dos valores centrais que dão consistência às religiões; uma mãe no sentido mais amplo que fez da fé e do saber litúrgico, instrumentos de ligação e de aglutinação de todos que a ela chegaram em busca de paz e de realização espiritual. Um emblema negro da Bahia!
Serviço
Evento: Outorga da Medalha Zumbi dos Palmares à Mãe Zulmira de Nanã
Local: Câmara dos Vereadores de Salvador; Plenário Cosme de Farias
Dia: 08 de agosto, quarta-feira, às 19 horas.
Proponente: Vereador Gilmar Santiago ( PT)
Entrada Livre
Um comentário:
Para mim, que tenho grande afinidade e admiração por Nanã, e faço pesquisas sobre essa antiga Iyagbá. Mãe Zulmira é uma grande referência, pois trata-se de uma das mais antigas (se não for a mais antiga), iniciada em Nanã da atualidade.
Muitos poderão questionar, mas afinal de contas, é Nanã ou é Zumbá ?
Em minhas pesquisas, procuro provas consistentes para minha teoria. De que os Inkises, muito influenciaram para o entendimento e assimilação dos Orixás Nagô, no Brasil. Uma vez, que foram os Inkices, e não os Orixás, quem aqui chegam primeiro e se estabeleceram. Apesar do imaginário coletivo, os Inkices se diluíram em detrimento a uma preponderância e sincretismo com os Orixás.
No entanto, no meu entendimento, os Orixás tal qual hoje conhecemos, são na realidade uma interação com os Inkices. Tão intensa e explicita, que muitos nigerianos ficam confusos. Não conseguindo identificar os próprios Orixás, oriundos de seu país. Mas enfim, são discussões a serem apresentadas futuramente.
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