terça-feira, 28 de outubro de 2008

Chico Buarque


Amanheci com sede de mar, com vontade de escrever sobre o melhor da vida: as coisas mais simples ditas de dentro da poesia, como o canto de Buarque traduzindo acima de tudo: o amor acontecendo. Acordei amarrado em muitas palavras, emaranhado em doces lembranças, mobilizado pela cor dos olhos deste nosso mestre de sempre: ardósia. A ardósia também é de Iemanjá. Iemanjá nos olhos cariocas de Chico e hoje eu tão baiano. Pensando no que a Bahia poderia ter sido pra mim. A voz pequena buarquiana tradutora da sua grandeza imensurável e eu ouvindo Valsinha... Chico sangrando Tatuagem para remarcar minha alma com o nome que me é indelével... Eu seguindo em Todo Sentimento, no centro da natureza desta canção que ensina o passar do amor que fica. Encantado. Eu em mim e em alguém que hoje compõe meu pensamento acompanhado pela música de Chico Buarque de Hollanda. Eu em cheque-mate.
Na linha do absoluto, ouvindo:
Futuros Amantes
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
(Chico Buarque)
P.S.: Aqui é o lugar da água, tudo é memória, tudo se molha, tudo se afoga, mas, às vezes , se salva.

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