"A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na terra
ou vento no cabelo?"
Estará o seu pensamento no sumidouro do espelho em que me vejo ouvindo essa canção? Estará próximo da dor que sinto por sentir e querer me perguntar tudo isso? Estará no cheiro do meu cabelo penteando-se sozinho e eu lembrando de quando você sabia do cheiro dele?Às oito e meia da manhã meu pensamento ouve a canção de Adriana e eu posto a minha saudade...
"A uma hora dessas
por onde andará seu pensamento
Dará voltas na Terra
ou no estacionamento?"
Estará no intervalo entre o que foi e o que deveria ter sido, e como poema vagabundo expressando um sentimento profundo, seu pensamento dá voltas em algum estacionamento e o meu estaciona em você.
"Onde longe Londres Lisboa
ou na minha cama?"
Seguramente - sua imagem entre meu pensamento e a palma da minha mão. Quiloa, Montevidéu, Cachoeira, Rio, Abeokutá... Golfinhos, horizontes, esperança, olhares, vontade em colibris... Aqui, da minha cama.
"A uma hora dessas
por onde vagará seu pensamento
Terá os pés na areia
em pleno apartamento?"
Caminhando, inusitadamente, sobre a fortuna material da minha presença em sua vida - as cartas estúpidas, as linhas, os mapas, as fitas... ? Ou estará na rota exata do esquecimento? Ou terá palavras guardadas para o nada de um futuro exterminado? Onde deslizará seu pensamento voltando-se para a escrita - quais os nomes dos motes, que verde-azulado te inspira? Aonde é seu apartamento nas minhas doze tentativas?
"A uma hora dessas
por onde passará seu pensamento
Por dentro da minha saia
ou pelo firmamento?"
Na correria das estradas dos objetivos... No desenho de equilibrio sem canções internas...Na desértica esfera da mão única da segurança? Na delícia da felicidade?
"Onde longe Leme Luanda
ou na minha cama?"
A distância do seu pensamento se desfaz no romantismo do meu... A paisagem desta cidade, o mar destes instantes, a cor castanha dos seus olhos, a poesia me lendo, releases à toa, nosso silêncio, a cor do som, São Paulo, Fernando Pessoa, Lisboa, Paris, Billie cantando, lembrança do Senhor do Bonfim, uma conta vermelha quebrada, a Legião Urbana, notas em um violão, píncaros da saudade escaldada, uma camisa branca, outra amarela, perfume na janela, a lua rodando, meu coração à entrega, um poema de Hilst na minha parede e tudo pode acontecer enquanto, agora, Calcanhotto lembra cantando: por onde vagará seu pensamento? Longe de mim.
Um comentário:
nossa... buscando a musica da adriana no google cheguei ao seu blog...
que sentimento profundo..
quanta poesia..=)
e só...
hj estou quieta..
mas me marcou
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