
Há livros que nascem para a eternidade. Quanto mais criticado e desvalorizado pelo saber especializado, eles vingam, subvertem tradições e ensinam até mesmo a seus detratores.
A cidade das mulheres, da antropóloga
Ruth Landes, é exemplar nisso de se eternizar pelo encantamento; de viabilizar o método etnográfico numa linguagem literária alcancável a todos; permitir mais beleza a antropologia, narrando a história das mulheres negras de um povo; aquelas que dignificaram a vida social dos baianos, tornando-se mais visíveis e mais especiais que os homens, numa cidade onde o machismo sempre imperou em qualquer setor social.
Esta obra prima testemunha que é possível se fazer ciência social sem os arroubos linguísticos tradicionais na escrita de teóricos como Pierre Bordieu ( ás vezes insuportável) que nos afungentam de suas importantes assertivas.
A cidade... é um livro inteligível, científico, norteado pelo olhar e pelo texto poético da escritora, pra mim, grande antropóloga. Esta obra, mais a
A família-de-santo, de
Vivaldo da Costa Lima, são responsáveis pela minha paixão irrefreável pela
antropologia. Tornei-me antropólogo, também, por isso.
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