Ah, mundo tosco! Tanto desconforto para nada. Nada em pleno deserto. Figurações do obtuso. Nenhuma cena protagonista. Todo mundo imundo na normalidade difusa. Todos enquadrados na coragem violenta: violentar meramente o outro. Subjugar necessariamente. Postular óbitos indevidos. Maltratar. Vê sangrar o outro. Dinamitar sonhos. Infernizar. Quantos?
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Eu quero uma canção em mim. Guiando-me para dentro do que desejo ser. Fazendo-me ver sol à noite. Acordando-me, quando de verdade, para novos amanheceres. Parece que eu não estou aqui...Tudo retilíneo sem comportar sensibilidade. Não me quero em reproduções comportamentais de nenhuma espécie. Tenho direito de ser o avesso de mim mesmo e comunicar integridade nisso. Quantas manhãs turvas eu tenho que suportar. Turbulência demais desaba a gente. E eu grito isso. " Aonde tem gente neste mundo?". Quanto fedor e desejo exterminador. Há brilho e esperança em mim. Quero antes do fim, aclive!
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Nem beber eu tenho podido. Devo usar a saúde em quê? Em quem? Pessoa dizendo: "quem não quer sofrer que se isole". O mundo é um moinho que no tempo tritura depressa. Tenho sede. E destilo senti-mento. Um vasto e daninho caminho e eu nele sem direção. Nem o abismo sei onde fica. Mil perguntas me assolam e minimizam o desalento em mim." Vai e diz que eu chorei, que eu morri". " Quero ver de novo a luz do sol". Eu preciso saber o que é "o novo". E me ver rezando. Ver o dia movido pela fé na alegria e encontros gerando. Saborear morangos. Ter agridoce. Renascer.
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Receber em uma carta manuscrita: eu amo você. E dedilhar algumas páginas no silêncio apaziguador da profunda felicidade. O melhor mundo é uma temática feminina. Eu vou assim. Uma bermuda branca cobrindo uma cueca vermelha e uma camisa rosinha dizendo coisas a todos, longe do novo, dizeres tolos repetitivos banais padronizados e mecânicos. Minha roupa tão linda e limpa atentando contra mim? " Aonde tem gente neste mundo?". Que vente muito neste fim de tarde entre sol e chuva. Minha música é saudade. E eu vago assim.
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Uma voz feminina ao longe. Um canto. Mitos desfiando em minha consciência o ser de mim. Sons da selvageria salvadora. O começo de tudo. O antes do mundo e eu vendo como um sonho. Ares, mares, ventos. Eu de uma janela em profundo alcance. As perguntas em desgaste. O mito no ritual da minha auto-delação: a escrita. Tudo mais simples abrigando a vindoura civilização. Meus olhos, desde lá, aprendendo o deslumbramento. A voz me rasgando em sua cor vermelha. Eu no sentido indecifrável da paixão. A voz mito de uma natureza humana. Deusa. O canto. Eu chorando a pesada futura solidão. A missão da antevisão. Meu olhar de lindeza sobre o mundo me ensinando a fraquejar de emoção. Eu que me perco e me embriago em mim mesmo. Avante, sozinho, sem porquês. Límpido no que vejo e adoro. O peso da vida e luz clareando a visão. Minha boca suja, meu corpo à espera,tantos sonhos meus, minha pele azul, minha adoração incontida, lágrimas oceânicas, minha força, meu destino nesse meu eu de amor.
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Por que tão sensível?
Um comentário:
Ufa! Sufocante e belo. Bjs, Xico.
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