quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ao sol do Porto da Barra na Bahia


Essas coisas que se traduzem em destino, às vezes, são pura liberdade. O sujeito todo em silêncio perante o mar respirando sua história. A memória ora lágrimas ora gargalhadas e a conclusão: eu nasci aqui. Há de ter algum sentido para esse acontecimento. Senão, basta enfrentar aquele crepúsculo, se abandonar à brisa no final da tarde, se perder em balneário, desacelerar de tudo e se esquecer até de rezar ou agradecer; só ver o que se pode sofrer no sentido da felicidade. O tempo ainda mais curto. Nada de concreto na gaveta, na biblioteca, nas livrarias... Tudo muito etéreo, além de sublime, como a voz de Billie Holiday em All the way... Será que , em mim, toda força da vontade ficará sempre no verde esperança sem o sangue vivo vermelho da realização? Clarice já me disse que destino é livre-arbítrio. De certa forma Sartre me contou o mesmo. E eu aquecido entre o sol e a beleza que reina nesta parte da baía. Um pouco de tédio porque enquanto os olhos agradecem, os ouvidos doem por libertação. A Cidade da Bahia e suas sonorizações. Eu me abandonando no abandono absoluto da velha Salvador. Uma só canção bastaria se me alma não desejasse ali só silêncio. Escândalo. Eu nasci aqui dentro desse abandono e absoluta beleza. Minha prainha do Porto da Barra. Meus antigos dias de aprendizado e existência gozando e agora, nos quarenta, o tempo passando e eu sem querer ir e sem querer ficar. Entrego a autoridade Destino e peço sorte também. Eu mereço.

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