"Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens"
Deslizo palavras entre mentiras e verdades e arrancando-me de dentro copio o outro sonhador. Antes seria uma transgressão para avassalar minha alma, torna-me importante, aprender a matar. Antes seriam enxovalhos, gargalhadas, embriaguez, perversões, maldades. Mas não. O poema meu quer a saúde da vida; algo que enfeitiça sem ser perdidão. Mas tem o outro sonhador também; tem a sua precisão e genialidade. Eu aparo os respingos da sua presença copiando-o de português para português e meu segredo é mais vergonhoso do que as besteiras que faço. Meu segredo não tem par neste mundo e discorda de quase tudo e frequenta os Altares de Nossa Senhora. Meu segredo é amor e fé e tem o outro sonhador também. Desligo-me daqui. Sinto asco do vinho, asco asma da cerveja. O que escrevo é para me libertar, construindo pontes que não separem a poesia de mim. Escrevo para reinventar olhares e fazer chover levinho, ainda que tenha em minhas mãos o livro sangrento de Rimbaud sendo outras possibilidades de vida e de morte. Mas eu quero o saudável da vida. Agora, o que é o saudável da vida?
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