sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Caio Fernando Abreu

Ele trouxe um olhar masculino para as perguntas literárias iniciadas por Clarice Lispector: um jeito de introspecção numa soltura verbal criando imagens dilacerantes...Impactos ditos de dentro e de fora de uma das mais importantes escrituras desenhadas no urbano de nós, brasileiros. Um gaúcho universal, místico e cheio de fé. Reluzente e feroz. Conhecedor da ambiência dos orixás, adorador de Iemanjá e Oxum, amante da música popular do Brasil, um crítico inteiro das coisas que nos faziam e que nos desfaziam também. Ler Caio F. é chegar pra perto de nós mesmos e umas vezes gritar, outras chorar, algumas calar e muitas imaginar a vida pelo viés da realização. Mais uma epifania, em mim, tal como as marcas que Clarice me deixa, Caio é um dessassosego que me movimenta enquanto eu sujeito de mim mesmo. Um homem de olhares pós-gêneros... Introdutor resoluto dessas coisas de pluralidade, diversidade, identidades múltiplas - um tipo de Caetano Veloso em nossa literatura.

Um comentário:

Ari disse...

Rapá! Acabei de reler "Onde Andará Dulce Veiga?" Deleite.
Sabes se já existe o filme em DVD?