sábado, 16 de maio de 2009

Fragmentos de uma coletiva (II)

BAHIAFLANEUR

Lá estava ele: o ídolo. Falante como sempre e eu duplamente atento. Feliz por vê-lo e impaciente com as leituras raciais dele em relação a negritude brasileira; sua insatisfação com a prática da negrada em desmitificar a figura de Izabel no episódio da Abolição e mais grave, sua não adesão a legítima política de cotas em muitas universidades brasileiras: " o movimento negro brasileiro quer ser americano; imitamos os americanos". Caetano é isso: importância desmedida para mudanças comportamentais neste País; luz estética realçando com sua arte nossas coisas mais bonitas mas, não tendo outras palavras, feroz polemista. Ele nunca está vazio e talvez seja este seu maior problema. Problema para ele mesmo. A coletiva foi para falar de música, do CD Zii Zie, shows e, descambamos em etnicidade, história da Abolição, em uma aula, um tanto truncada, sobre o Bembé de Santo Amaro da Purificação, sobre Princesa Izabel e sobre as discussões "atrasadas" das lideranças negras, intelectuais e políticas, no Brasil.

Ele mandou que eu ouvisse Lapa. Ouvi e adorei. Tem jeito não, com Caetano eu tenho um caso de amor indissolúvel. E olhe que eu tenho discordado muito dele, ultimamente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do teu texto no Terra Magazine sobre a coletiva. Bons fragmentos, reproduções literais, pinceladas de opinião...Ficou redondinho.

Parabéns.

Marlon Marcos disse...

Tenho me esforçado muito e tenho aprendido com os textos irretocáveis de C. Leal e com a poesia do seu jornalismo. Quando leio vcs aprendo a dosar aquilo que quero para meus textos. Obrigado.

Moniz Fiappo disse...

Sou fã do trabalho de Caetano, mas
Caetano é assim: Se não tiver polêmica, não é ele.
Estive no Bembé e ouvi seu discurso: aplaudi de pé não tanto por ser fã, mas por concordar com a opinião sobre Isabel. Não se pode mudar a história ao sabor do tempo.