quarta-feira, 20 de maio de 2009

Um presente para mim

Maria
"A grande mãe me viu num quarto cheio d'água
Num enorme quarto lindo e cheio d'água
E eu nunca me afogava
O mar total e eu dentro do enterno ventre
E voz de meu pai, voz de muitas águas
Depois o rio passa
Eu e água, eu e água
Eu".

Eu me quero na intenção desta canção. Palavrear meus instantes em água para celebrar a minha vida. Flanar acima das coisas boas e das ruins e sentir, sentir-me vivendo. Em movimento e acordado não parar de acreditar. Quero-me nas coisas da minha e seguir esses rumos da minha natureza. Nesse segundo eu sou e agradeço. O mar total de mim; a febre que não cessa, a fome que instiga, o mundo que fascina e a gente que desafia. Agradeço. A água de mim. Vestes azuis e brancas. Poesia sem fim. Minha letra num papel perdido numa gaveta alheia de alguém que já me esqueceu. Minha voz certeira na falta de memória amorosa dos outros. Meus vinis que me tocam e meus CD's sangrando-se-me eternos. Eu sem escapar de mim no momento de agora - e escrevo agrafamente no não-lugar de quem pensa o amor fora do corpo nessas coisas do não-estar. Derramo minha água e misturo-me a tudo que significa viver. Sei muito pouco. Poesia ruim. Água salgada. Espada na mente e escudo na mão. Vivo.
Eu quero um presente para mim: a voz de Maria Bethânia me banhando na paz na alegria na paixão na sorte que ela me traz. E que um dia eu seja atendido.

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