segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Das saídas

No intervalo entre o eu e o nada e o barulho da consciência. Melodia das constatações. Um dia com tanta gente na rua; data cívica e patriotas da violência. Armas em verde branco azul. Em terra em céu em mar.O livro demarcando a primeira fuga. Kaváfis doendo de amor na lembrança que não traz de volta algo melhor na vida. O miasma das calçadas ainda mais sujas: cocô de cavalos; eles mais leves e apreciáveis. Sorriso de crianças: um pouco de luz nessa manhã quase inferno. Tudo fechado e invasivo. Réstia das ordens que não se deve cumprir. Licença ninguém ouve, ninguém atende. Calor insuportável num jeito de ressaca sem bebida na noite anterior. Mal cheiro atacando a asma. Sem vento e sem notícias. Intelectuais chatíssimos dando o "Grito dos Excluídos", depois de algumas viagens, bebedeiras, gastos desnecessários, homofobia, sexismos, pilhagem, desrespeitos, corrupção, violência física, deslealdade, verborréias, infanticídio e... bobagens, muitas bobegens na órbita dos fedorentos da direita.
Outra fuga: ao longe olhos musicais trazendo As vitrines, de Chico Buarque, na voz de Gal Costa. Um pouco de soluço e a mão querendo fazer carinho. A imaginação mais poderosa do mundo. Tambores de uma cansativa civilização: a militar. Tudo que já se sabe. Nada que desaloja. Este dizer para dentro. Esta ousadia podada. As praças tomadas de indecência. Infantaria para proteção. Frugalidade analítica. Poder entorpecendo. Festa sem diversão. Muita gente. Embaralhos na historicidade. Intelectuais chatíssimos.
A terceira fuga é sempre a paisagem: Sol sobre o mar da Bahia com gente pouca banhando. Uma mulher pura poesia caminhando a favor das visões. Sereias da Bahia. Agora pouco barulho. A palavra Bahia assinalando a pobreza fora e dentro do texto. Tédio e agonia quando nos falta esperança. Escritos para nada. Falta no peito cantando. Tudo quase sem respiração. E a assertiva pede um tratado epistemolar. Cartas à mão. Pedidos desenhados com a alma das palavras. Sangue feito assinatura: corte da quarta fuga. Agora tudo sem velocidade.
O que era alma virou lama. A morte como derradeira saída.

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