segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que esperar

Os dias para além daqui. Flores no caminho. Um cheiro de macaçá e manjericão aliviando a dor. As roupas reluzindo o branco sem lamento, límpido para o está de setembro em mim. Relato absoluto do que passeia refazendo a alma. Mudança. Novas cores, como o verde e o rosa, iluminando novas perspectivas. A letra se inscreve no sentido da escrita. Sobram palavras e a voz as cantam. Bem manhazinha. Sol banhando-se na Baía e o peito feroz em agradecimento. Setembro. Estar vivo. Escrevendo. Ternura no que me vejo com as flores do caminho agora em minhas mãos. A alegria ao meio e um vasto sabor de satisfação. Eu faço a minha diferença e dou carinho ao mundo. Bem manhazinha. Palavrinhas para não assustar e afugentar o novo. Minha força que não se me perde. As formas do encantamento.
É isso: há em mim a matéria do tudo especial. Eu sou um desenho de coisas matutinas esperando àquela noite sem morte. Recito meus versos secretos, peço, rezo abaixo do sol fitando o verde azul do mar em mim. Vivo. Carinhos e desejo. Festejo no corpo que percebe e faz outros perceberem. Escrevendo. Para ter sentido e munido do que me chega: escapar de dores e solidão.
Cada dia tem música, tem água, tem gente, tem filme, tem desenho, tem flores, tem nomes, tem perfumes, tem cansaço, tem trabalho, tem sono, tem aulas, tem textos, tem representações, tem orixás, tem luz, tem Nossa Senhora, tem Iemanjá... Tudo inclinando-se à poesia, razão maior do meu viver.

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