sábado, 7 de fevereiro de 2009

Carmen Miranda


Uma carreira artística em qualquer linguagem expressiva só se marca se comunica singularidade: a alma do que especifica e se impregna na memória de um povo, o que em alguns casos, emblematicamente o de Carmen Miranda, torna-se para sempre modelar no lugar em que ela surgiu. O lugar da música popular do Brasil tem Carmen Miranda como a nossa estrela mais perene, a que já morta, é a mais viva em seus exemplos e glórias, a mais seguida por muitas outras, neste país de grandes cantoras. A cantora de uma expressão única, de comunicação alusiva à construção de uma certa identidade no centro da nação na qual ela não nasceu.
E talvez, Carmen seja a mais carioca( e brasileira) de todas as cantoras nascidas e efetivadas aqui, entre nós, em todos os tempos. Musa de muitas gerações e marca maior e primeira da internacionalização do Samba como música genuína brasileira. Elemento aglutinador dos nomes musicais que alicerçaram nossa canção nos idos anos 30 e 40 do século XX. A voz de Josué de Barros, o seu "descobridor", do genial Assis Valente, de Sinval Silva, de Lamartine Babo, e nosso patriarca, o baiano soberano, Dorival Caymmi.
Ela é uma mítica do carisma e da invenção em si mesma. Alguém que veio espressar genialidade em gestos, voz, sedução, alcance e ser a logamarca artística e política da história musical do Brasil. Se tínhamos Chiquinha Gonzaga compondo há muito lá no Rio, Carmen veio cantar e sambar para se consagrar como a brasileira mais conhecida no mundo até o tempo presente. Veio pulverizar a sua juventude peculiar embalando versos como : " Samba mocidade/ Sambando se goza nesse mundo". E ela, sob muitos aspectos, venceu.
Amplamente singular, que como tal, como diferença genial, pode ressoar em nomes como Maria Bethânia, eterna em sua própria construção; em Clementina de Jesus, tardia grandeza de um canto sem par no Brasil; em Elza Soares, emblemas de uma comunicação jazzística e representante do grande samba brasileiro.
Carmen Miranda faz 100 anos como se nunca tivesse morrido.

Nenhum comentário: