sábado, 3 de abril de 2010

Minha desgraça




Minha desgraça não é ser poeta
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como se trata um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... o mundo é um lodaçal perdido
Cujo o sol ( quem mo dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ô cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema
É ter para escrever todo um poema
E não ter nenhum vintém para uma vela.
Álvares de Azevedo

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