domingo, 30 de janeiro de 2011

Qualquer coisa



"Esse papo já tá qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marraqueche"


Ainda amanhece aqui e estamos sob efeito da agonia. Em algum lugar um pouco de alívio. O resto da esperança que alimentamos por nada voou para lá e nos deixou assim: qualquer coisa... A boca dizendo poesia diante da vida findando. A possibilidade do acerto foi perdida e eu não sei a onde ir.

Mexe
Qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida
Dentro mexe
Não se avexe não
Baião de dois
Deixe de manha, 'xe de manha, pois
Sem essa aranha! Sem essa aranha!
Sem essa, aranha!
Nem a sanha arranha o carro
Nem o sarro aranha a Espanha
Meça: Tamanha!
Meça: Tamanha!


Meu lugar era um barquinho. Meu mimo girando por dentro da voz de um homem que é o maior mestre; minha sede andando a cavalo quando o mais eu caminha sobre águas. A música desatinando a falta da grande poesia e o silêncio cantando: qualquer coisa.


"Esse papo seu já tá de manhã.
Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe.
Esse papo meu tá qualquer
coisa
E você tá pra lá de Teerã"


Hoje era ela que também não foi. A alma em despedidas. O peito, cheio de escritos, fora entupido por ela falando. O amor, em mim, sempre em discórdia... O colo da mãe; orientação escolar; achego de vinho e cerveja; ela falando; o toque negro do tambor; ela cantando; a eletrola a expulsando de mim para em mim ser vazio sem dor; meu eu bezerro; meu medo; minha escrita chorando; ela falando;. ela modelo; ela cantando; ela degredo. Nada a pode alcançar. Uma dança suave na paisagem do sorriso vitorioso. A música do mestre... E eu, deverasmente, imerso na melodia de Qualquer coisa.

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