terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Triste, e daí?

"Um alegre fingindo-se de triste
Porque o triste parece mais profundo"

Desses dias de sol gritando em sua cara. Do barulho infernal de uma cidade que disso não tira férias. Da vida a galope exercitando a memória e desesperando o corpo sob as luzes do desejo. Dessa obrigatoriedade de ser feliz ou de estar sempre alegre: arre! Agora quero-me triste. E daí?
Um pouco de mar em minha preguiça basta. E mulheres cantando para que a tristeza não invalide a beleza; ao contrário, faça desses instantes de intenso sentir caminho para a criação.
Hoje faço de mim um desenho a lápis profundo. Ardo com o tempo e tenho vertigens de sentimentos. Meu peito não é só amor e surto acima dos risos hipócritas que debocham de mim. Quero a plenitude da escolha Garbo e me fazer produtiva companhia. Existe excelência em mim? Minhas incautas perguntas denotam o vazio que me fazem continuar. E continuo. Meio despido e inteiramente confuso; um pouco escondido; confuso. A confusão alimenta minha tristeza e me faz encenar decisões em palavras. A palavra é a maior dimensão da minha procura. A palavra me livra da loucura da qual, eu sei, não quero me livrar.
Desculpe-me, eu sou este cansaço mas vibro de vida. Triste sim, mas querendo viver sempre. Ver-lhe, de perto ou longe, me projeta à noção de experiências que não nasci para ter.
Na certeza invertida de Cecília: não sou alegre nem sou poeta... Eu sou triste. E mais se me vejo em você.

Nenhum comentário: