quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sobre 'aqueles dois'

Caio F.

É preciso se salvar sempre. Com uma música, ou um poema; com o brilho do sol refletindo-se na transparência azulada do mar; com o sorriso infinito de uma criança; com sonoridades de atabaque para viajar espiritualmente; com um livro biográfico de alguém que nos fascina; com uma caneta e um papel em branco nos levando a confidenciar bobagens e a fazer irremediáveis auto-delações. Salvar-se numa leitura repetida de um texto que marca aquele encontro inusitado que nós tanto esperamos - que aquece nossa memória de músicas e perfumes, nos faz desenhar, dançar, chorar, calar e se inscrever no absoluto silêncio.
Salvar-se de manhãzinha no ímpeto da nossa oração...Na imagem sagrada da Senhora dos Céus nos consolando e inspirando a continuar...Estar. Inteiro no desejo de sermos o que queremos e sonhar.
Um texto que se ler sem tempo e sem procedimentos historiogáficos. Balizado na esfera da arte que transpõe razões explicativas e faz a vida, ante a leitura, acontecer.
O texto. Salvaguarda do que trago na memória e é futuro. Leio por dentro muito além do silêncio e alcanço para ficar no cerne da coisa que se revela como o 'eu' fora de mim. E preciso encontrar.