quinta-feira, 19 de março de 2009

Do que é triste mas é alegria em mim



Adoro ( ainda) gente. Transadoro artistas. Comovo-me com as histórias daqueles que pousaram no âmago da genialidade e que, apesar de mortos, nunca morreram. Sempre revisito em meus escritos a presença eterna e magistral da maior cantora do mundo de todos os tempos e vislumbro, em ânsia e orgulho, a sua trajetória de muita dor e de singulares realizações. A mulher da voz curta e mais autoral que o jazz conheceu; que a canção popular da Terra recebeu; a mulher tosca e entegue aos seus vícios que serviu, e ainda serve, de melhor exemplo da beleza vocal que uma cantora pode imprimir... Billie realça-se entre Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Dinah Washington, Aretha Franklin, entre outras.
Ela materializa-se no mote de que grandes obras, no âmbito das artes, só nascem da mais profunda tristeza. Sua voz e a sua biografia são componentes inesquecíveis na representação da história do século XX. Ela que nasceu em 1915 e morreu em 1959. Jovem e dilacerada, mas aprontada para ingressar no rol inabalável dos mitos da canção mundial.
Ela dona de toda beleza: voz, corpo, rosto. Negra. Inventora do novo canto. Caminho de sonoridades tortuosas ( e insinuosas) que leva seus ouvintes ao manancial das agonias, ao lugar frugal da torrente melancolia. Mas ali, habita na voz tudo que pode significar absoluta lindeza.
Ela que inspira Gal, Elis e Nana. Mas no Brasil, pelo grau de importância em mim, pelo excesso de entrega, pela singularidade da presença, a sua igual é Maria Bethânia.
Do que é triste mas é alegria em mim: Billie Holiday é mais um pólo da minha inspiração.

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