domingo, 28 de fevereiro de 2010

Clarice Lispector



Destravo-me assim na sofisticação diária desta escrita. Repito-me sentindo o mundo que é metade de mim e quando lembro a terra treme, os rios secam, o mar evolui... Nada do que digo ou escrevo se grava em leituras e escutas por ser tão somente barulho apaixonado. Só me permito. Ânsia violenta. Tinta de sangue. Escritos diários nas paredes dos banheiros dos bares em que me embriago e ninguém poderá ler. Minha mensagem nasce fadada ao fracasso e se não desisto é porque nunca me saberia diferente. Eu, em Clarice Lispector, destravado dando o passo humano inscrito numa novela. Tem amor no meu coração; eu lembro e me espelho mais vazio nas palavras que vêm dela:
"Estou a um quase passo de admitir que a vida que levo é um pretexto para ofuscar a vida que não gostaria de ter. Vida como desculpa por existir. E o incrível é que eu não dou o passo. Fico tão imóvel que estar parada é o meu maior movimento. O mais violento. E não consigo sair exatamente daquele lugar onde todas as sensações ocorrem, justamente por estar tão grudada em mim é onde mais dói: na pele. "

Só assim eu amanheço.

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