Desgastosa condução burocrática, acrítica, caótica e sem respeito é a vida cotidiana nesta Cidade da Bahia e eu clamo o que corporifica o seu melhor. Eu grito: "Jussara!!!". Silveira - no canto certeiro do nosso mestre dos mares, rei brasileiro do cancioneiro, inventor da Bahia na qual eu amaria viver. Grito menos: "Juliana!!!" - mas não saio da poesia e singro minha vida de sonhos, exausto em planos, mergulhado na mediocridade que chefia todos os cantos desta cidade. Mediocridade que é minha e gerada em mim também. Mediocridade queimando meu ori ao meio dia e tudo sob calor, torpor, espera suada e confusão...
"Jussaraaaaaaaaa!!!" - traga-me você em canção. Seu silêncio que ensina e a sua calma que anima a gente a querer realizar... Canta Caymmi e Calcanhotto em aproximação marítima e traz bons ventos para as esferas mais poéticas de uma cidade que deixou de ser. Você em trejeitos aquáticos, caça e peixe, desperta pela voz a vontade de um povo e livra-nos dos barulhos abusivos daqueles que só fazem enriquecer e massacrar a nossa coexistência.
"Jussaraaaa" traz "As Meninas" e nos faz aprender: quero a voz belíssima de Rita Ribeiro na Bahia, em sintonia com a afinação de Márcia Short, negando algumas coalhadas cantoras de carnaval; quero o gestual da paz imprimindo uma leveza musical só vista igual na eterna Gal Costa... Quero o primor do seu repertório combinando com o céu lindo de Salvador e seu rosto lindo refltido nas águas da Baía de Todos os Santos - ainda sem ponte e minimamante preservada. Quero me escoar para algum lugar que tenha integridade e a arte esteja acima: seu canto.
Faz-me melhor ver o que de melhor nós baianos temos: o mar da Bahia. Estou entre a dor, o amor e o mar... Estou entre mim e você. Andando pelas ruas das Laranjeiras; indo do Porto da Barra à Ipanema... Magnetizado em palavras que não são minhas e as tenho por indignação. É isso: minimizo minha dor na esperança de ouvi-la ecoando-se aos ouvidos deste povo que também é seu.
Faz -se ponte, Jussara e, nos liga a intensidade criativa que as canções em sua voz desenham... Nós que não sabemos do novo e só fazemos invalidar a grandeza dos grandes que nos inventaram como litorâneos - queremos matar a presença etérea e eterna de Jorge Amado, desmemoriar o legado caymmiano, estigmatizar Gal Costa, tirar Daniela Mercury do carnaval baiano, queimar vivo o grande Lazzo, emprestar palcos a Margareth Menezes, silenciar o canto lindo e urgente de Márcia Short, acabar com os projetos de Sandra Simões, não deixar que Tiganá Santana exerça a sua força, expulsar Vírginia Rodrigues, ignorar Manuela Rodrigues e... Como contraponto, retratando nossa visão acuidadamente cultural: esticaremos o verão tendo como maior atração a animadora Cláudia Leitte.
E aí, eu berro: Jussaraaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
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