segunda-feira, 17 de maio de 2010

Abeokutá

Abeokutá (minha outra terra)

Por diversas vezes pronunciado o nome da terra mítico-concreta em que nasceu Iemanjá. Percursos do alumbramento, epifania de uma verdade interior, o cheiro sem tradução das águas e o sentido da festa na cara efeito do pertencimento no jeito da crença de quem vive sob proteção. O que não pode passar. O que é e está para além das formulações. Absurda arquitetura onde só bastaria o mar e também, nascentes da água simbolizando a vida que não pode faltar.
Mistério como prisma e o olho da sedução que anima: novelos e novelos da fêmea-mãe. Uma terra desconhecida. Palco de simbologias que cortam a carne, aguçam a memória, fazem o corpo dançar e a consciência cessar para ser outra, edificam como música e poesia e iluminam de verde azul o querer existir mesmo sobre as pedras ásperas da caminhada.
Abeokutá- minha outra terra. Outra vida seria daqui sem escrita e perto do começo quase peixe quase golfinho na âmago da sabedoria sem livro. Portanto, no âmago da sabedoria maior. Iemoja na rede sagrada em que me pesco para eu ser Ela mesma. Imensidão de mim.

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