quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mar de histórias

Retirado do Blog
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São explicações excessivas para efeito da minha servilidade. Tenho, de modo elegante, desaprendido o mundo e me visto dentro da mediocridade. Assim, sou mais pessoa, o tipo de gente que lê um pouco, vai ao cinema, fala horas ao telefone, colabora para o mal e bem do mundo alheio, tem fé, assisti tv, crê em Nossa Senhora, chora muito, tem saudade, prefere cores claras, ama candomblé, ama golfinhos, se embriaga para anestesiar, fofoca, queria fama e dinheiro, adora e odeia trabalhar, vive intensamente a quase-vida de sua cidade, sai mas não sai, engorda e emagrece, adora a si mesmo, se maltrata, desalinha, implora, ajuda tanto, cala, mas por saúde e sobrevida, graças a Deus, se vence...
Um mar de histórias que poderia refletir só naufrágios, muita coisa conspirou contra, mas o Universo disse Sim e sem muito parecer, seu caminho é proteção.
Haveria visão melhor que mar de livros erguidos para a poesia? Só mar descrito em sua forma natural azul, calmo, tropical, perto de mim. Hoje eu me teria em livros; contaria o susto de uma vida pesando e ficaria a lamentar no requinte de Tolstói as marcas exageradas do querer devassando o que eu não fui.
Explicações e servilidades: manejos da minha sociabilidade. A mãe dupla no ir e vir da falta do pai.
Histórias de um trancamento sem renúncias. Pronuncio o mundo, mas meu querido Paulo Freire, não posso e não quero mudá-lo. Sou co-participante da mediocridade. Ensaio ela daqui, quero ser íntegro a este meu tempo baiano, não devo ser incivilizado. Quero comprar algum livro de Balzac, que fale de crise dos 40, em alguma livraria sofisticada lá na Praça José de Alencar, próxima à Rua João de Deus, no nosso patrimônio maior: o Pelourinho. Minhas histórias também sabem ser classe média.

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