quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma prece por mim


Era manhãzinha de um dia fora do tempo. Toda a alegria confluía para lá. Tudo cheirava inocência e como sorte, havia rosas decorando o lugar. O jeito mais comum da felicidade. Uma vontade equânime de dois saindo da cama e indo para mesa. A paisagem, além de corpos sem roupas, era a imensidão do mar... Recortado entre verde e azul, imenso por dentro e circundado em sua condição de baía. O mar era o elo entre os períodos... O mar era o centro do tempo permitindo a força daquele encontro. De dois maiores que par: ímpar amoroso. O que se não divide. Dança serena sem marcação nem término; nada de tédio: dança volúpia de um imenso desejo aumentando na duração das eras... Era o que se sabia no eterno retorno de um inexplicável sentimento entendido pela semântica da palavra amor.

Olhos afundando-se na baía. Presença salutar dos golfinhos e o dicionário sem termos servis: abandono, medo, fuga, receio, regra, limitação.

Era dia no fazer poesia daquela relação. Fruto-semente ao que o sexo permitia. Era dia porque tinha sexo em todas as noites. A lua fotografando; o sol, como deveria ser, aquecendo. Tudo muito certinho: aquela manhã sem vinho, sem nenhum álcool, sem ânsia, sem espera... A alma una de dois festejando a primavera dos corpos nascidos para aquele instante.

E assim foi; que assim seja.

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