quarta-feira, 26 de maio de 2010

Para efeito do amor

Maria

"E depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero...
Eis que as três horas da madrugada eu acordei e me encontrei,
Simplesmente isso: Eu me encontrei.
Calma, alegre; plenitude sem fulminação, simplesmente isso.
Eu sou eu e você é você, é lindo, é vasto, vai durar.
Eu sei mais ou menos o que vou fazer em seguida.
Mas por enquanto, olha pra mim e me ama.
Não, tu olhas pra ti e te amas.
É o que está certo."
Clarice Lispector
Ao que está certo e se segue virgulando como efeito da espera. Bate à porta e limpa o pensamento, abre o peito, enxuga as mãos, se repete, se inova, muda a roupa, se veste de verde e entrega um livro. Lá dentro há muito silêncio; cá de dentro, no buraco machucado do peito, a voz da alucinação pede aceite em nome da cantora. Uma pronúncia que produz beleza, segreda o melhor e... Cantora das viagens atemporais que traz na voz, literatura. Alguém que narra aquele canto...

Os olhos lacrimejam. Tudo estacionado na vida que passa tão rápido e o pedido à beira da porta. Voz alucinante do pensamento que se precisa vazio; voz do silêncio no outro entre cândido e medroso; o narrar sublime da cantora que aumenta a poesia nesse instante de amor e súplica. O estúpido caminhar do romântico investindo-se a favor do sexo.

"Tá tudo aceso em mim, tá tudo assim tão claro", sem afastar silêncios naquele pedido... Os olhos enxugados e o rosto num eterno descanso no dorso parado à entrada da casa... O lado de dentro que dá sentido, que dá felicidade.

De súbito: os sorrisos advindos da permissão...

A contadora de histórias, a cantora, num excesso de iluminação: " desde que sim eu vim morar nos teus olhos".

, estivemos o tempo todo prontos. Você sempre se chegando para mim. É o que está certo.

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