Às vezes, o que seria da vida humana sem estereótipos e clichês? E como é imprescindível a arte em nosso cotidiano! E como não podemos deixar que nos deixem sem nos ver no cinema... Meus olhos estão na tela e o pensamento pedinte - clama aos céus tempo para alguma realização. Estou na dança final de uma cena com o personagem se despedindo da vida com a dignidade dos boêmios, os humanos que mais amam viver. Estou nos olhos entregues de um adolescente frente à paixão. Nos do outro em seu amor condenável em silêncio. No desejo, de ser estrela, ser artista, da mulher amante frustrada. Estou, com calma, flutuando sobre a beleza anos dourados do Rio de Janeiro. Estou numa sutil norte-americanização brasileira por culpa de Hollywood e estou feliz naquilo de despejar Cole Porter na gente, Billie Holiday na trilha...
Estou em A suprema felicidade, pensando nos dissabores e neste peso que é viver; pensando no amor e na fé; pensando nas poucas horinhas que compõem a nossa vã felicidade e sentindo alegria que me chega pelo cinema. Meus olhos sendo o brilho dos olhos de Jayme Matarazzo e vendo a beleza de Mariana Lima e sentindo alegria por Elke Maravilha e desbundando-se à presença mágica do ator. Sendo a excelência do ator. Meus olhos-dizeres: quem inventou Marco Nanini? Foi o Teatro. Foi a TV. Foi, por minha vontade, mais que tudo, o cinema que se faz no Brasil. Talvez nem precise ser argentino.
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