Que o Brasil é o país das cantoras, todo mundo diz e insiste neste feliz clichê; que é a Bahia um dos mais inevitáveis mananciais de vozes reluzentes entre os brasileiros, sem delongas, basta citar Gal Costa. Mas nem sempre temos a cor da renovação, nem sempre elegem como musa a artista certa, correta, mais criativa.
A gente anda carente da diversão que preserve a memória das grandes invenções musicais feitas por nosso povo, que estabeleça diálogos entre o velho e o novo, que pesquise, que eleve o nosso sentir artístico sem ser professoral, que faça valer a nossa história e que faça do palco síntese de deleite e aprendizado, alegrando a alma por inteiro, por fazer balançar o corpo sem dilacerar a criticidade, sem menosprezar a inteligência.
E que como Gal, Bethânia, Jussara, Virginia Rodrigues, Diana Pequeno, Stella Maris, Márcia Short, Margareth, Daniela Mercury, entre outras, cante de verdade. Ando cansado de nossa estupidez mercadológica que secundariza o primeiro time de nossas melhores vozes em detrimento das musas fabricadas pela indústria do carnaval, principalmente as loiras. Há nessa cidade mulheres que cantam sem dever nada as grandes revelações nascidas entre Rio e São Paulo, e que são lançadas à grande mídia só por conta disso.
Entre nós, crescendo a cada dia, existe a cantora, compositora, pesquisadora e belíssima, Juliana Ribeiro. Mais que páginas de jornal, seria válido e educativo, ver esta artista se projetando em nossas TVs, rádios, magazines e sendo indicada para cantar em programas nacionais e em uma simples apresentação televisa em algum desses programas, se confirmaria a força artística da menina que canta tudo, mas usa o samba como bandeira expressiva de uma tradição da qual ela não pensa em se apartar.
É lindo assistir a um show que mescla os jongos de Clementina de Jesus, faz alusões deliciosas a Carmem Miranda, louva o nosso mestre Batatinha, passeia por Zeca Pagodinho e Leci Brandão, canta Caymmi, Noel, Xisto Bahia e ainda, homenageia os melhores compositores baianos vivos levando-os para o palco.
Juliana é a nova voz da Bahia que o Brasil precisa conhecer. Para amar.
(Publicado no Opinião do A Tarde em 12/11/2010).
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