quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ao toque

No delicado, só podia assim...
Arrumou-se ao espelho e zarpou para o lado alheio. Viu-se na ânsia inteira e queria tocar. Não só com as mãos e sim, com  tudo que fosse corpo e também alma. Pretendia o destino. O espelho não mais prometia.Queria tocar, sem medo sem ressalvas, tocar a parte quente e viscosa da coisa e senti-la.
O mundo sempre lhe fora vibração mas as sensações, metade. Tocar era luxo: era acarinhar o carinho, entender a flor, promover amor, imaginar.
Tocar era mais forte que ser tocada; o exercício mais vibrante do delicado da vida. Sentido solar no algo que não pupulava - mera denúncia.
Ex-estática à procura do toque. Caminho a favor do vento. Intranquilidade promotora. Olhos nos olhos do quase. Coragem. Subida das sensações.
À sua frente: a coisa, entre alegria e rigidez, despudoradamente entregue a qualquer toque.

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