A pequena Chaya Lispector, chegou ao Brasil com um pouco mais de 1 ano, refugiada das perseguições sofridas pelos judeus durante a Primeira Guerra Mundial, na região do seu nascimento, que compreende a Rússia e a Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920.
Já no Brasil, primeiro em Maceió, Chaya recebeu o nome de Clarice, com o qual ficaria eternizada como uma das mais importantes escritoras do século XX em todo o mundo. Dona de uma linguagem peculiar e de textos literários difíceis de serem classificados, Lispector é hoje a mais estudada escritora brasileira. Segundo relatos de Benjamim Moser, escritor estadunidense que escreveu a mais completa biografia da autora até hoje, Clarice Lispector é o literato do século XX mais analisado academicamente no mundo.
Um grande séquito a tem como divindade literária. E para além dos exageros, os anos passam e nos afastam de 1977, ano da morte de Clarice, no Rio de Janeiro, tornando-a mais viva e amada por antigos e novos leitores.
Seus textos marcam nossas dores, nos ensinam a nos enfrentar, a buscar resposta, a fazer silêncio e, existencialmente, a perguntar. Uma literatura de transcendência, recheada de fragmentos poéticos com imagens delicadas e sedutoras e que nos acompanham vencendo nossa solidão, amenizando nosso desespero.
A vida de Clarice se inclinou a escrever e a querer pertencer para aplacar suas sensações de estrangeirismos que a faziam sentir-se vagando por todos os lugares sem “ser” de nenhum. A mulher que dominava a língua portuguesa e que, nesse idioma, revolucionou nossa literatura, parece ter escrito sobre suas dores mais intensas aliviando em si, o seu estar no mundo entre refugiada e estrangeira.
E hoje é, completamente, um gênio brasileiro que muito sustenta e desperta a criatividade do nosso povo. Algo imprescindível à alma e à educação de quem cresce e vive no Brasil.
Marlon Marcos é jornalista e antropólogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário