domingo, 21 de agosto de 2011

Narrativa em amarelo


Há sempre uma pergunta a lhe fazer. Sempre essa falta de entendimento em mim. Os lugares onde não estarei são os que mais me fascinam. Você não responde. Essa vacância entre medo e desejo e A volta da Asa Branca, na voz de Caetano Veloso retirando-se do exílio, a nos embalar na distância o nosso excesso de sentimento. Há respostas em mim também. Mas não as quero.

Hoje tem sol lá fora, mas continuo a narrar por dentro. Vivo de imprecisão e lamento. Choro para fertilizar o mundo. Mas, ainda melhor, eu rio também. E danço. E sinto os versos que você cessou e abortou por mim. Hoje tem música nesta cidade. Música em amarelo para iluminar e enriquecer a vida. Queria que estivesse aqui. Ao som amarelo na voz de ouro da menina. O mundo, ali, passará por mim e eu só danço samba e candomblé.

Há sempre este vento lhe trazendo. Determinações de Oyá - o que não posso questionar, muito menos impedir - que me chegam para lembrar o que eu nunca esqueci. Esse dia em amarelo. Uma cor da Iyabá do amor. Uma cor das riquezas e da indiscrição. Outra forma do exagero em mim. Outro sentido da paixão.

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