Estranhando os nomes que me acendem. Desocupando-me da missão de registrar o sublime e indo para onde haja silêncio. Embassado nisso de ser eu mesmo. Estranhando-me à altura da delicadeza que me sufoca e não consigo me desvencilhar. A ternura, em última instância, é o meu ofício. Nado até as nascentes do tempo quando comecei a ser; me assombro com o que me tornei e camuflo de palavras erguidas numa quase escritura - desejo que me define.
Estranho a forma e ajo a transfigurar. Soube do que ensinam os mestres e desaprendo como acinte e como história nova a contar sobre esses desenhos sem luz que me mostram, às vezes, ao mundo. Meu grito na garganta. Minha criança nadando tão longe de mim na cachoeira nascida dos meus segredos. A falta da grande poesia. Quem lerá? Deixo os nomes que me acendem e fabrico artifícios na falta do verdadeiro contar.
Uma vez era eu solto na profunda admiração. Solto, escorrendo em avalanches, sem propósitos a não ser sentir, na ânsia de me ter dentro da escrita e do silêncio majestoso da obra de uma mulher. Era eu me sendo sem espelho frente à imagem dela. Delicada pergunta sem saber existir. Era eu vagando na sonoridade sagrada dos tambores e selvagem para ter algum tipo de salvação. Eu - devassado nessa falta de poder.
Destino. Desatino. A sombra deles como minha. Palavras sem dinheiro. Vasta estrada sem ter como caminhar. Transporte interno. Estranhamento poético. Meu sexo na mulher. A sobra de luz no poema debaixo da mesa. A calma dos traidores. Vento no meu respirar quando respingo letras na prosa da escritora. Tonturas na explicação. Vertigem do olhar.
Paisagem dilacerada. O externo que extermina. O interno que enlouquece. A vida. Isso do nada será como antes. Aquilo do não dever ser - como antes. Respostas espremidas no canto do quarto. À espera. O frio condutor das lágrimas molhando o caderno. Saudades da diva. Sentido crepuscular. O tempo pesando. A ida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário