quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Movimento dos Barcos


Estou cansado e você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz que eu lhe roubei
E o futuro esperado que eu não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
As coisas passando, eu quero
É passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais
Do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
Não, não sou eu quem vai ficar no porto
Chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos, movimento
Jards Macalé/Capinan

Esta canção é um assombro pra mim: traz alívio e desespero; é triste mas imprime liberdade e dá vontade de seguir. Sentido da necessária despedida, o tombo de uma cidade sobre mim e eu tendo que partir. Dor de amor absoluto, e na canção, ouvindo-a, não sei de onde vem: cidade, castanho, verde, Nova Iorque, São Paulo, Cachoeira, Candomblé, Colibri? Nada me é dito mas eu reflito e sinto a alagadura encantada desta canção aqui no meu ori no meu coração. Silêncio no porto azulado da minha vida; impossível sem poesia e sem música.

Um comentário:

Unknown disse...

Adoro esta música. Adoro! E depois que vi e ouvi (e sempre ouço e vejo)com Toni Platão, foi definitivo. O sentimento é este mesmo que você descreveu.