sexta-feira, 21 de maio de 2010

Adeus a Damário DaCruz


Meu poeta,

Você se foi no dia do meu aniversário; no momento intenso das minhas perguntas sobre o que se é viver. Viver, pra mim, é ser poeta e fazer de Cachoeira, minha cidade amada, mais linda do que ela já é... Pousei tanto no Pouso e vivi sua poesia, um pouco, de perto do seu autor. Sua vida foi cumprida nas marcas raras de quem desenha cores, fala de amores e nos faz sonhar pelo ímpeto profundo da palavra erguida poema. Sua vida, humana, foi poema e por tanto mistério divino e tanta amargura cotidiana, nessa coisa da gente não se saber, vai-se cedo. Sua arte fica e sua presença amiga nos faz, de algum modo, permanecer. Um poeta pode morrer em 21 de maio: para marcar-me no difícil e sublime caminho, que mesmo eu menor, sou-me inteiro a poesia que existe no mundo. Independentemente de língua, sou-me a insígnia que revela a poesia como respiração e salvação para quem sente o mundo deste jeito.

Meu poeta,

Siga pelos ventos da nossa Oyá-Gaiaku Luiza e, só não deixe de fazer poesia aí do Orun!

Todo risco

A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos
Damário DaCruz

Um comentário:

Mi disse...

Mar, a Vida É, porque está ligada umbilicalmente - mesmo - à morte. O corpo do poeta se vai quando um grande poeta de perto inicia mais uma etapa da Vida. Vida longa pra você, ousada, excitada, espessa e fluida, com flores, pássaros, verde, água e mel ao seu redor. Arte e Amor!