" da mulher febril que habita as ostras"
Mora nas ostras por não haver outro lugar. Era a encurralada na grandeza de si mesma. E no entanto, está quase em toda casa. A outra. Mito grego feminino do poder. Mulher aparência e às avessas. Toca. E vai para além dos mitos. Humana em tempo presente. Vulto do passado e futuro humanizador. Uma falta imensa na obra que não nos deixa em falta. A canção entre Caetano Bethânia João. O disco literário das vidas que se cercam daquele peso que cria a maior leveza. Febril amando errado(?), de casamento errado, de escrita salvatória e profilática. Um exemplo amoroso a ser descumprido e eu sigo aquilo como se ela fosse. É ontem - uma sexta-feira 13 do mês de maio: meu maior luxo é o esquecimento. Luxo porque me falta. Repito. Não sei esquecer. Sou, como a escritora, estrangeiro de mim e dos outros. Vago numa forma de homenagem que alude minhas confissões. Repito. O mundo está batendo em mim.
Sereno, depois da dor, na esperança doída e doida que vem da mulher das profundezas; escrita d'água. Aceito. Ela viverá enquanto vivo. Assisto a beleza circulando no carinho que ofertamos; ela escrevendo e eu remoendo fragmentos dos escritos que sobram dela. Veneno.
O nascimento que não tivemos e vamos para onde. Ela eterna. Eu me apagando. Vamos. Fragmentos. Possibilidades. Contrato. Hipocrisia. Medo. Desencontro. Mar. Vento. Pedra. Morte.
O frio insuportável do que não foi e poderia ter sido. A casa assassinada. Ela e eu dentro. Investigação que aceita o não mas não o tempo perdido. Crônicas do mineiro enlouquecido. Poemas do baiano apaixonado que não é poeta.
Encontro das águas. O olhar maremoto da escritora quase deusa. Filha de Tétis. A profundeza da solidão mais assustadora. Nosso espelho: Macabéa. A vingança que não será. E dançam acima da mesa Oxum e Ogum. E a queda de Camus. Existir a que será que se destina?
Tenho um livro dela entre minhas mãos. E Chaya também mora em mim.
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