Esteve ali. Implícita trajetória de quem busca o amor. A pedir a rogar a clamar no seguimento da estrada, velando cantando assistindo ao próprio abandono. Ali entre cortes e cores, sem nome noutro endereço, desfiando tormentos no pensamento e os olhos, numa insistência clínica, sem querer chorar.
Homem não pode mas ele podia. Isso de seguir sem companhia e aguardar no infinito. Achar-se dono do tempo, notar-se eterno pela força daquela procura. Ele vinha e se entregava ao barulho da auto-estrada, aos seus perigos e velocidade, a ideia do rápido e do efêmero concluindo seu destino. Ávido de dor e esperança, apesar de consorte da solidão. Ainda ria; humanamente ria em sua impossibilidade de chorar. Ria imaginando encontrá-la um dia disposta a aceitar. Sua rude procura, quase inepta, traduzia sua rude e reles postura ao ofertar aquele amor. Há anos não a via e ia para perto do mar; longe das agruras do sertão e do dessentido de viver todo assim: morrendo de falta.
Cada dia ele mais longe de si mesmo. Sem notar o seu desespero estava a cada dia mais perto do mar, e indo nessa afirmativa: o mar. Nadava de ilusão sobre o muito quente dos asfaltos, era verão no Nordeste do Brasil... Ele se fez todo seca por isso achava que o amor, que ela, perversa, só poderia querer viver em lugar de muitas águas.
E se ia, noite e dia, sem se exasperar. Convicto que sua sina era essa busca, que sua alma era esse caminho da bruta aridez à mercê de encontrar horinhas felizes com aquela que escolheu o mar para morar.
Ele não sabia, mas como nunca antes, iria se desencontrar.
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