sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Desconstruções antropológicas


Os seres humanos são os fazedores de si mesmos. Inventam-se ao longo dos tempos, promovem-se, codificam-se; agrupam-se em torno de infinidades de sentidos que espelham suas tramas culturais. Os seres humanos são esses inventos deles que são eles para além do físico. E são o físico personalizado por seus traços culturais inventados. A invencionice que constrói é a mesma que destrói e eles seguem assim.

Os seres humanos se são malefícios e benefícios e tantas vezes sem explicação. A composição de um tempo sem temporalidade muitas vezes. Investem sua verve para a noção de desenvolvimento e daí criam as terríveis hierarquizações. Aquelas que alimentam suas invenções- idéia de atrasos, primitivismos, barbaridade, não-saber: violências consigo mesmo este humano solto nas idas e vindas nessa existência do tempo.

Os seres humanos vez em quando precisam ser desconstruídos e ser desafiados a favor da mudança. As culturas são puro movimento e a mais reacionária das tradições se altera se modifica se areja se re-conduz. Todos os traços. As perguntas. As respostas. E as deidades chamadas dúvidas.

Os seres humanos tocam piano, vão à lua, não aprendem a ler, matam baleias, se-nos-matam. Tudo que eles são só tem sentido diante do outro. O outro é seu acinte agrura perseguição. O outro empreende suas formulações; o outro que são eles em diferentes versões. O outro que está dentro do eu. O outro sem o qual não há.

Bilhões de mundos são os seres humanos operacionando educações: cada um em si ansiando o outro em abrigo ou em negação.

Tenho que me mostrar tenho que me mostrar tenho que: mostar. Os que se lançam à verdadeira sabedoria fazem silêncio e profundas desconstruções. Vencem a maioria dos seus medos. Em seus tratados, como alavanca da transformação, escrevem como não-tratados e macaco toca piano, cego ensina a enxergar, o menor desequilibra o maior, o cadeirante dança, a poesia renasce, o amor se segreda, a literatura se espalha e melhor que tudo exposto aqui: novas possibilidades. Infinitas como os mistérios que movem os bilhões de mundos individualizados como ser humano.

Um comentário:

Mi disse...

Se o mundo fosse doce e esperançoso como teu texto...