Viver era imaginar. Adquirir poderes mágicos. Nunca crescer. Ser feliz era estar à luz do Sítio do Picapau Amarelo e enfrentar delícias que a imaginação trazia. Toque de mágica: pirlimpimpim... E eu na floresta amazônica; pirlimpimpim: eu sobrevoando o céu de Paris; pirlimpimpim: o mundo adulto dominado pela magia do sonho e eu queria nos fazer bem. Excesso de tudo no querer ter/ser: Emília, meu maior símbolo de inteligência até hoje. Ela feita de pano e cantada por Baby Consuelo... Rainha das minhas fantasias infantis e com ela aprendi que se podia fazer planos... Com ela eu juntava isso de razão com aquilo de emoção e dava nela e dava em mim... Emília maravilha! Ali eu já era gente e realizar sonhos só era uma questão de ficar sozinho e dizer com força pirlimpimpim e o Universo me atendia.
Eu conversava com Emília e me confessava a ela. Queria ser jornalista, atleta, cantor, bruxa, americano, francês, nigeriano, rico, famoso, ator mirim global, escritor, contador de histórias, princípe árabe, Jorge Amado, Caetano Veloso, Gal Costa, rei da Inglaterra, super herói, deus grego, orixá mas... Mais que tudo eu queria ser/ter Emília. Pensar como um ser humano - o que me seria isso? Descobri que seria crescer e deixar de acreditar em pirlimpimpim. Emília era o mais que humano em mim. Coisas da minha poesia para Reinações de Narizinho. Descobria os livros - além de mim mesmo, minha eterna companhia - mas meu mundo mais encantado era de tardinha, pipoca com guaraná, na telinha da Globo, vendo o Sítio, não, vendo no íntimo de mim: Emília - meu gênio de pano.
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