quarta-feira, 17 de março de 2010

Narrativas


Foi bem ali. No jeito do destino visto como fotografia. Ali por entre gestos e apreço, segredos e beijos, um filme como redenção. Ali para escapar ao óbvio. Para olvidar as perseguições e ser à maneira da transformação. Ali no agradável da visão que recebia tópicos do amor. No agradável da audição perfumando-se no instante da voz mais amada. Ali para os corpos porque nem maior nem menor nem melhor poderia-se. Ali como efeito de uma canção saída das cenas do desejo mais profundo. Ali para agradar ao eu vagabundo frente à única salvação. Ali no quando da vida sem alternativa, encurralada, fadada à felicidade. Ali para instar a ternura e dominar o sentido de ser gente, de ser humano. Ali alvejando a beleza e sendo forte contra outros contra regras contra medo a favor do sonho... Ali película, carne, sangue, esperma, vinho, música, gritos, silêncio, vida e morte. Ali a sedução tragando o gozo do melhor existir. Ali escritos em paredes do metrô exaltando a marginalidade. A terceira margem. O carinho desfolhando-se à sombra amorosa de dois homens em nítido encontro. Ad infinitum. O amor não pede tempo nem fronteiras. Ali na língua percorrendo a década de uma paixão eterna cristalizada em Plata Quemada. Pois o destino, esse seu nome, quis assim.

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